PARTE 1: O ALÉM
Cibele era a mais organizada de toda a família. Sua mala já estava arrumada desde o dia anterior. Roupas, biquínis, protetor solar, tudo meticulosamente organizado dentro dos compartimentos corretos, com uma precisão quase cirúrgica. Se existisse um campeonato de organização de mala, ela certamente levaria o troféu; pensou com um sorriso meio bobo no rosto. Os últimos colocados seriam, sem sombra de dúvida, seu pai e Júlio, o irmão dois anos mais velho. Ambos eram um desastre no quesito arrumar mala, mas Júlio, com certeza, era o pior. A única coisa que ele tinha separado eram cinco gibis de sua coleção de super-heróis. Quem em sã consciência leva revista em quadrinhos para a praia?, pensou ela.
— É só para matar o tempo — respondeu Júlio, adivinhando o pensamento da irmã. — Eu sei o que você está pensando, viu bruxinha? E não toque nas minhas coisas, não quero que sejam amaldiçoadas — ele imitou uma voz fantasmagórica, retorcendo teatralmente os dedos.
— Júlio, pare com isso. Não mexa com a sua irmã — gritou a mãe que escutou tudo de dentro da cozinha, enquanto conferia o cuscuz de arroz no fogo. — E, pelo amor de Deus, eu já pedi mil vezes para tirar essa camisa puída do Raul Seixas.
Cibele bufou, mas preferiu o silêncio. Baixou a cabeça e voltou para o quarto. Já era manhã, e a luz entrava tímida pela janela. Ela puxou a cortina e espiou lá fora. Mesmo àquela hora, um vento morno soprava pelas ruas de Teresina, agitando as folhas floridas da mangueira do quintal da casa. Um arrepio percorreu-lhe a espinha, e ela fechou os olhos, tentando conter o pressentimento. Ao menos hoje, ansiava por um dia normal.
Pelo combinado, já deviam estar na estrada fazia meia hora. Mas o velho Escort ainda descansava na garagem, e muitas coisas ainda estavam por arrumar.
— Cadê a minha câmera? Alguém viu a bendita da minha câmera? — o grito do pai irrompeu de dentro do seu quarto. — Eu sei que deixei em cima da penteadeira.
— Pai, está em cima da mesa da sala de jantar — respondeu Cibele num tom mais baixo.
— Quem colocou lá? Eu deixei ontem aqui.
— Não sei, pai. Mas está lá — respondeu a menina.
O pai, bufando como um touro, atravessou o corredor decorado com quadros bucólicos até confirmar que a máquina realmente estava na sala. Ali, deparou-se com Júlio absorto na leitura da edição número 61 do Super-Homem, e fechou a cara. Júlio captou o olhar fulminante do pai e entendeu o recado, voando mais rápido que uma bala até seu quarto para terminar a mala.
O pai examinou a câmera como se fosse uma relíquia de guerra. Só se tranquilizou depois de verificar que o filme estava no lugar. Vinte e quatro poses devem bastar para cinco dias no litoral.
Ele, professor universitário, fora convidado para uma palestra em Parnaíba no dia seguinte, uma quarta-feira. Pensara em fazer um bate e volta, mas Cibele insistira tanto — na verdade, implorara por aquela viagem em família. Nos últimos tempos aprendera a confiar nas intuições da filha. Como não haviam viajado em julho, seriam as férias depois das férias. Conversou com a esposa e acabaram concordando. As crianças perderiam uns dias de aula, mas era só dessa vez, prometeu a si mesmo.
— Cibele, você sabe mesmo trocar os filmes, né?
O pai tinha verdadeiro trauma em trocar os filmes da máquina fotográfica. Achava que sempre iria queimar se a troca não fosse realizada por um profissional capacitado. Na verdade, Cibele sempre soube que o pai não se dava bem com nada tecnológico. Até mesmo a configuração das horas do aparelho de videocassete acabava sobrando para os filhos.
— No meu tempo, não tinha esse negócio de videocassete. A gente ia para o cinema e pronto — dizia ele, ressentido.
A mãe terminou de fechar a última mala, mas sem deixar de sentir aquela estranha sensação de que estavam esquecendo alguma coisa. Parou em frente a uma imagem de Nossa Senhora, fez um sinal da cruz e, sem mais delongas, todos saíram de casa.
Assim que entraram no carro, o pai fez uma vistoria minuciosa, checando se estava tudo no lugar. Até mesmo a fita de São Francisco e o terço pendurado no retrovisor interno. Ao contrário da esposa, não era muito ligado à religião, nem mesmo tinha certeza se Deus existia, mas "não custa prevenir". Sempre dizia isso para irritar a esposa.
Quase duas horas depois do combinado, para desespero de Cibele, eles ainda teriam que passar para pegar Bruno, o melhor amigo de Júlio que iria viajar com eles.
Júlio era o típico garoto popular da escola, que vivia namorando as meninas e humilhando os nerds e CDFs. Bruno, um ano mais novo, era o extremo oposto: tímido e retraído, aficionado por videogames e gibis. Se estudassem na mesma escola, nunca seriam amigos, pensou Cibele. Mas Júlio, longe do radar de sua turma, adorava essas coisas, e Bruno era a pessoa com quem ele mais conversava sobre isso — na verdade, a única.
Cibele não tinha nenhuma amiga. Assim como Bruno, era tímida e desajeitada, sendo constantemente alvo das chacotas das meninas de sua escola. Secretamente, desejava ser o Bruno de alguma menina popular, mas nunca teve essa sorte. Então, enfiava-se cada vez mais nos livros e no seu mundo interior. Até tentou fazer amizade com Bruno, mas a timidez, ou a diferença de idade, ou o fato de não terem nada em comum — ou tudo isso, na verdade — era uma barreira intransponível entre os dois.
Às vezes, Cibele achava que seus únicos amigos eram as vozes que ouvia e as estranhas sensações que tinha. Tudo começou mais ou menos a dois anos atrás, quando tinhas uns dez anos, sentado debaixo da mangueira enquanto comia uma manga verde com sal, escondida da mãe. Foi ali que, pela primeira vez, sentiu o “Além”, como chamava. Não foi exatamente voz que ela ouviu, mas sussurros e intuições que arrepiavam os pelos do corpo.
No começo, Cibele tentava entender. Eram flashes, imagens que pareciam não pertencer a ela, ou a certeza súbita de algo que ainda não havia acontecido. Uma tristeza que não era sua, uma alegria distante. A confusão a dominava, e ela se sentia cada vez mais isolada em seu próprio mundo, sem saber como decifrar ou, mais importante, como se livrar daquilo.
Uma vez tentou falar com a mãe sobre isso. Mas tudo o que recebeu foi uma ordem de parar com besteiras. Tudo não passava de coisas da cabeça dela e ela precisaria orar mais e vigiar melhor os pensamentos. Foi a partir daí que o irmão começou a chamar Cibele de bruxinha, principalmente depois que Cibele começou a adivinhar coisas que ainda iriam acontecer.
— Mas adivinhar os números da loteria federal ela não quer — era o que mais repetia para atormentar a irmã.
A mãe começou a ficar cada vez mais preocupada. Certo dia, levou Cibele para conversar com o padre da paróquia, um homem severo, de voz rouca e olhar inquisitivo. Desde então, a menina evitava qualquer menção ao Além, principalmente depois que leu na enciclopédia do pai sobre como as bruxas eram tratadas na idade média. Cibele sabia que, hoje em dia, ninguém é queimado vivo. A não ser, talvez, pelo sol escaldante de Teresina. Mas, como o pai sempre dizia, “não custa prevenir”.
PARTE 2: ORELHÃO QUEBRADO
O carro avançava preguiçoso pela BR-343, serpenteando entre buracos espalhados na estrada e um céu de anil. Teresina já havia ficado para trás e agora a vegetação amarelada do cerrado parecia ceder ao calor seco de agosto. O rádio tocava baixinho uma música do Zé Ramalho, mas ninguém escutava. Na frente, o pai e a mãe conversavam preocupados sobre a inflação, enquanto Júlio e Bruno travavam um verdadeiro embate sobre quem era o mais forte: Super-Homem ou Hulk. Júlio era do time do homem de aço enquanto Bruno aparentemente defendia o gigante esmeralda. Cibele permanecia encolhida junto à janela, desenhando espirais invisíveis no vidro.
Quando alcançaram a cidade de Altos, o pai gritou:
— Putz grila, esqueci de desmarcar a reunião com os meus orientandos amanhã. Preciso ligar para o coordenador do curso e pedir para avisá-los. Todo mundo, procurando um orelhão.
Não passou muito tempo quando Bruno avistou um orelhão bem numa esquina, ao lado do “Bar e Mercearia Seu Antônio”. O pai conseguiu estacionar o carro um pouco mais a frente e pediu uma ficha telefônica para a esposa.
— Xi… não tenho querido. Mas deve achar na mercearia.
Quando o pai colocou o pé fora do carro, Cibele emendou, meio sem querer:
— Nem adianta, pai, esse tá quebrado.
O pai, desconfiado, olhou para Cibele e depois para o orelhão, um pouco mais atrás. O orelhão parecia novinho em folha. Não disse nada; o homem simplesmente saiu do carro e, em pouco tempo, estava de volta. Com a voz baixa, grunhiu:
— Tá quebrado. — devia ter confiado na filha, pensou.
E girou a chave na ignição. Júlio não perdeu a deixa:
— Pai, você sabe que a bruxinha não erra. Ela escuta vozes — disse, em tom zombeteiro, inclinando-se no banco para olhar Cibele com um sorriso sardônico.
Bruno, envergonhado pela atitude do amigo, lançou à menina um olhar rápido, meio cúmplice, tentando oferecer um fiapo de conforto.
— Júlio — ralhou a mãe — ela só acertou um chute. Não tem mistério nisso. Parece com essa história de vozes, que isso atrai.
Bruno cochichou baixinho ao ouvido do amigo:
— Atrai o que?
Júlio respondeu, ainda com o sorriso estampado no rosto, encostando os dois dedos indicadores nas têmporas.
A estrada voltou a se desenrolar diante deles, cada vez mais silenciosa. Foi nesse momento que Júlio insistiu ao pai em tocar a velha fita com uma coletânea do Raul Seixas. A mãe já nem insistia mais para que o filho deixasse de ouvir essas músicas. Bruno, que não gostava de música — exceto pelos temas de aberturas dos desenhos e séries favoritas — voltou aos seus pensamentos, espiando de vez em quando pela janela. Cibele, que recentemente aprendeu a gostar de Roxette, permanecia imóvel; dessa vez, prometeu a si mesma, que não iria ter briga no carro sobre quem ia ouvir. Deixou os olhos fixos na linha do horizonte, onde o céu parecia descer e lamber a terra, procurando não dar muita atenção ao refrão de “O dia em que a terra parou”.
Júlio era um grande fã do artista; desde que descobriu essa fita na casa de um tio com cara de hippie, a uns cinco anos atrás. Desde então, coleciona tudo que fosse relacionado ao Raul: LPs, fitas, VHS, revistas e livros. Para o menino, Raul não era um cantor, mas quase um profeta. E, nesse instante, a música parecia ser um prenúncio do que estava para acontecer, pensou a menina.
Em breve, o mundo pararia. Pelo menos o de Júlio. E Cibele, mais do que nunca, sentia o peso daquilo que entendia por maldição.
De que adianta saber o que vai acontecer se não podia mudar nada?
Ela insistira naquela viagem justamente por isso. Havia dias que um nó frio apertava seu peito cada vez que olhava para o pai. Pouco antes de ele ser convidado para a palestra em Parnaíba, uma sombra pesada pairara sobre sua imagem; os olhos do pai pareciam mais opacos, o corpo, estranhamente, mais frágil. Ela chorara muito naquela tarde, escondida debaixo da mangueira. Não contou a ninguém. Nem ao irmão. Nem à mãe. Guardou aquilo como se fosse culpa sua, um segredo que pesava, moldando-se em um medo silencioso de que aquela seria a última viagem em família com ele. E durante muito tempo carregou esse peso sozinha.
PARTE 3: O DIA EM QUE A TERRA PAROU
Foi por volta do meio-dia que pararam numa lanchonete ao lado do posto que o pai sempre usava. O pai adorava comer a coxinha do local e nunca perdia a oportunidade. Bruno, que estava enjoado, mas não contou a ninguém, suspirou aliviado. Júlio correu direto para o banheiro, enquanto Cibele pediu um picolé para a mãe.
Lá dentro, o ambiente era abafado, apesar dos ventiladores de teto girando preguiçosamente. A televisão, pendurada no alto de um suporte de ferro, estava ligada, mas o som mal vencia o burburinho da lanchonete. A tela mostrava o jornal de uma rede nacional de tv, com imagens tremidas de uma rua em São Paulo, onde uma multidão parecida acompanhar um carro de bombeiro em cortejo lento. O pai foi o primeiro a ver a notícia e ficou paralisado, sem saber se chamava o filho.
Mas Júlio, que nesse momento ia em direção ao balcão para pedir um refrigerante de guaraná, estacou no meio do caminho, atraído pelo olhar do pai que observava atentamente a TV. Os olhos se estreitaram. Uma imagem familiar surgiu no canto inferior da tela: um rosto magro, os olhos fundos, uma barba inconfundível.
De repente, a legenda apareceu em letras brancas sobre fundo preto: "Morre Raul Seixas, aos 44 anos".
O pai colocou os braços no ombro do filho. Foi o mais perto de um abraço que Cibele viu em muito tempo. Instintivamente, Júlio tentou o máximo que pode, mas não conseguiu segurar as lágrimas. Ele nunca chorava, dizia que era coisa de menininha — embora Cibele não lembre de ter visto uma menina chorando tão copiosamente quando Júlio.
Cibele, que se mantinha próxima ao freezer de picolés, soube que algo nele quebrou nesse momento. E, estranhamente, naquele instante, as vozes silenciaram. Nenhuma intuição. Nenhuma imagem. Tudo parou.
Bruno também ficou meio inquieto, sem saber o que fazer. Foi a mãe que tomou a iniciativa e abraçou o filho, mesmo sabendo que ele não gostava de demonstrações públicas de afeto. Mas dessa vez, ele pareceu não se importar e abraçou de volta a mãe.
O resto da viagem decorreu em silêncio. Júlio, que normalmente não se calava nem dormindo, manteve-se introspectivo. O pai colocou para tocar novamente “O dia em que a terra parou”; sabia que era uma das favoritas do filho — “foi do ano em que nasci”, era o que sempre dizia. A mãe eventualmente voltava o rosto para trás com um olhar compassivo para o menino. Conhecia bem o filho e, nesse momento em que experimentou o luto mais de perto pela primeira vez, achou melhor não dizer nada. E Cibele apenas observava.
Chegaram a Luís Correia no final da tarde. A casa que alugaram era simples, com varanda de cimento grosso e um quintal de areia onde cresciam algumas ervas bravias, com dois coqueiros dispostos um ao lado do outro. O vento que vinha do mar trazia o cheiro de sal e um murmúrio constante, como se o oceano também quisesse contar seus mortos.
PARTE 4: O COMEÇO DA JORNADA
Mais tarde, depois de arrumarem tudo, Júlio trancou-se no quarto. Dissera que estava cansado, mas Cibele sabia: o luto havia encontrado morada. O irmão, que sempre se disfarçava de valentia, agora se recolhia como um menino que perdeu um herói.
Foi então que ela viu Bruno sentado na mureta da varanda, sozinho, os pés descalços tocando a areia fria. A luz fraca da sala de estar vazava pelas frestas da janela, que ele aproveitava como podia para ler um gibi, segurando-o rente junto ao rosto.
Ela hesitou por um instante, ficou com receio de conversar com o menino, mas, então, os pêlos do corpo se arrepiaram e o flash de uma lembrança futura pipocou em sua mente, breve com um relâmpago sem trovão.
— Posso sentar? — perguntou ao se aproximar do amigo do irmão.
Bruno levantou os olhos do gibi e fez que sim com a cabeça.
Ficaram em silêncio por alguns minutos, escutando apenas o farfalhar das folhas dos coqueiros e o barulho das ondas ao fundo. Então, sem olhar diretamente para o menino, Cibele disparou:
— Eu sabia que isso ia acontecer hoje. E não fiz nada para ajudar meu irmão. Acho que sou amaldiçoada.
Bruno, pego de surpresa, virou-se para ela com atenção. Tentou falar alguma coisa, mas a palavra que estava saindo desapareceu misteriosamente na garganta.
— Desde os dez anos... — ela continuou — tem vezes que eu sinto e ouço coisas. Como se o universo quisesse me contar algo que ainda não aconteceu. Às vezes é só uma imagem. Às vezes é uma alegria sem razão, outras vezes… uma tristeza que não é minha.
Em seguida, a menina desabafou sobre as visões que teve, das certezas que vinham sem pedir licença. Mas evitou mencionar a do pai — (essa ela guardava num compartimento mais fundo). Quando então calou-se repentinamente, deixando Bruno coçando a cabeça.
O menino buscava desesperadamente uma resposta quando olhou para a imagem de Jean Grey, na capa da revista dos X-Men, que segurava em suas mãos:
— Ou então você nasceu com um poder especial. — emendou, surpreso consigo mesmo
Ela piscou, mais surpresa ainda.
— Poder?
— É... tipo os X-Men. Eles têm dons esquisitos. Às vezes parecem maldições no começo. Mas depois... viram missão.
Cibele o olhou de lado. A primeira vez que alguém não riu ou fez cara feia.
— Então... você acha que eu sou uma mutante?
— Acho que você é especial.
— E para que serve esse poder especial se eu não posso nem ajudar a minha família?
Bruno ficou pensativo, olhando as estrelas acima.
— Pelo que li em todos os gibis, e olha que não foram poucos, o começo nunca é fácil. O heroi — pigarreou — ou melhor, a heroína, precisa aprender na marra como usar seus poderes a serviço do bem. A jornada nunca é clara no início.
Cibele mordeu o lábio, pensativa. Depois olhou para o céu. As estrelas começavam a surgir, tímidas, por entre véus de nuvem.
— Mas, invariavelmente, ocorre um evento que gira o mundo de ponta cabeça o mundo. É nesse momento que a heroína sabe que tudo vai ser diferente.
Cibele virou o olhar para a janela do quarto onde Júlio se mantinha recluso.
— Acho que sei por onde começar — falou mais para si mesma do que para Bruno.
Bruno deu de ombros, mas sorriu.
— Outra coisa... — disse, empertigando-se com certa solenidade — muitos heróis têm sidekicks.
— Hum...? — Cibele voltou o olhar para ele, olhos arregalados e um sorriso no canto da boca que fez Bruno quase perder a pose.
— Sidekicks... sabe, tipo um ajudante. O Super-Homem tem o Superboy, o Batman tem o Robin. Alguém pra ajudar nas missões — explicou com uma seriedade quase cômica.
— Sei, e você então quer ser meu sidekicks?
Dessa vez, o sorriso veio inteiro. O primeiro em muito tempo.
Lá dentro, o pai tentava inutilmente sintonizar um canal de TV que fosse, enquanto a mãe chamava do corredor, com a voz já impaciente:
— Crianças, venham comer logo esse cuscuz de arroz antes que esfrie!